Ensinou-me que as palavras não dão conta do que querem falar. Que os escribas não precisam temer. Que entonação e pontuação não se determinam. Que o deboche é uma arma poderosa contra as injustiças. Que se pode falar do grave subtilmente. Que a linguagem sempre está em movimento. Que os escritos são únicos e incomparáveis. Que não há distinção entre o quê e como se fala. Que as conversas das mulheres mantém o mundo em sua órbita. Que a História pode ser contada pelos oprimidos. Que a morte só é obscura se não sabemos por que vivemos. Que uma simples história de amor carrega o peso do mundo. Que na pós modernidade ainda há espaço para intelectuais revolucionários. Que a velhice é apenas uma fase da maturidade. Que o fardo dos escravos cria novas possibilidades. Que o tempo da palavra não é o tempo de sua comunicabilidade.
Poderia aprender tudo isso com outros pensadores, com livros densos e herméticos, mas me fez apreender tudo isso ao ritmo de um belo e simples fado.
Poderia aprender tudo isso com outros pensadores, com livros densos e herméticos, mas me fez apreender tudo isso ao ritmo de um belo e simples fado.