quinta-feira, 14 de julho de 2011

Do verão


Seus verões são assim:
Vai e vai
Do murmurinho ao burburinho;
Descontrai e esvai;
Descuida e escorre;
Esquenta e esquece;
Se esconde e se distrai.

Nas tempestades, de meu peito trôpego,
Brotam trovões de prata
Que atrapalham o preto céu,
Breu em que me encontro atarantado.

Mas disso não ficarei grato;
É que grunho enquanto gritam os grilhados
Que de graça me engrutam.
 
Se depois mirar meus olhos marejados,
Mergulhe no mar bravo;
Não se atenha à areia,
Se jogue nas ondas de minhas teias
Mesmo em confusão de sereia;
Para que eu volte a lhe amar inteira.
Para que meu coração não dê volta e meia.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Viagem de separação


Mesmo quando voltas,


O tempo da viagem nos separa;


Mesmo quando vens,


A viagem já foi.





Mas que viagem é essa que não tem passagem de volta?


Se quem vem já é outra pessoa?


Passaram-se dias à toa?





Viagem maior é ficar a te esperar.


Viagem maior é não querermos mais.


Viagem maior é renegar a paz.


Viagem maior é mudar.





Viagem sem destino é aquela de mim a ti.


De ti a mim é aquela de aquarela,


Borrada e pasteurizada,


Da viagem do nada ao nada.





Se no saguão não te espero,


É pelo que anteviu meu coração;


Solitário e embebedado de negritude


Da viagem que minhas dores inventam


E da minha carne se alimentam.





Bilhete expirado: Quero me devolver a você.