Se eu depender do meu amor para ser amado,
Estou ferrado;
Seria um amor esquizofrênico, o amor de um torturado pelo seu torturador,
Um estranho amor.
Amor requerente do meu querer
Que comigo quer viver;
Amor carente, afluente de mangue
Que se acaba em lama de sangue.
Amor mor obrigado pelo outro,
Mas inalcançável ao outro mor,
Rezado em cartilhas,
Que de memória tenho de cor.
Amor que eu deprecio,
Enquanto me estupra,
Por que só no meu cio
Me encrua.
Mas desse amor dependo
Enquanto me defendo,
Para poder ter outros amores,
Para ser confortado em minhas dores.
Se do meu peito virem
Formas multicoloridas saírem,
Saibam que guardei em mim a sombra escura,
Ficou engendrado em mim o que corta e sutura.
Mas a certeza da tristeza,
Obriga-me a me acarinhar com firmeza.
Preciso acabar com essa vitimizada piedade,
Até por que já passei da idade.
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