Esse sempre dito sempre?
Quais significados impõem ao sempre?
Quando te vi, te reconheci como sempre.
Um sempre passado e doce como à uva;
Sensação que trago comigo desde sempre
Que sempre é meu;
Mas sequer me lembro do meu passado infantil,
Que dirá do meu sempre passado fetal?
O que dirá então o meu sempre ancestral?
Acreditamos, somos para sempre, no sempre futuro do devir imponderável, sempre;
Agonizante na certeza.
Agoniaste de esperança.
Mas que sempre será esse do virá?
Compromisso irrealizável?
Mortificado pelo indelével fim de sempre?
Que rumos tomará o tal do sempre,
E para onde nos navegará?
Em qual destino cósmico nos levará?
Ora, para o lugar aceitado-nos como para sempre,
Intuído-nos que existe antes e depois de nós,
Inconcebível sempre.
Sempre aprisionado pela limitada existência.
O sempre estático não me interessa.
O sempre remissivo me repele.
O sempre vindouro me assassina.
Quero o sempre da mudança,
Da criação,
Da revolução que nada deixa no lugar deste sempre presente.
E agora o tempo escorre o de sempre;
Viveremos o presente?
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