quinta-feira, 3 de março de 2011

Diálogos de ateu


Oh Deus, quando me for, o que será de Ti?
Foste Deus em vida, em morte o que será?
Nunca Te imaginei hermafrodita ou luz;
Sempre vi em Ti um capuz,
De serventia para cobrir pensamentos humanos,
E também tem barbas o que me sugere Teu gênero.
Apesar de não ser quem venero,
Me fez crescer cem anos.
És misticamente secular
E eu não sou em par,
Neste tempo circular
Que mantém teso o arco de Tua existência.

Oh Deus, Te pergunto, o que será de Ti?
Vermes virão de mim se nutrir,
Mas Tu ainda estarás aí?
Escondido em Verdades inquestionáveis,
Confessado por bocas indiscutíveis,
Cantado apenas por permissíveis?
Já Te mataram nas artes, filosofias e ciências,
E apenas eu, ateu, permaneço em Tua crença,
Pois quem veio ao mundo em Tua defesa,
Fica cego de tantas certezas.

2 comentários:

  1. a harmonia entre o belo "lapidado" e a filosofia... acho que esse é obra prima.

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  2. "e a máquina do mundo, repelida,
    se foi miudamente recompondo..."

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