sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Sem medo


Minha carcaça não é de ferro,
Se me apertares muito berro,
Já sabes que sou feito de barro,
Nada mais que areia e terra.

Mas apesar de minhas fraquezas,
De me perder em incertezas,
Sou forte como um touro,
É difícil tirar meu couro.

Se conseguires adentrar minhas entranhas,
Aí sim me ganhas,
É que gosto de sangrar,
Sentir meus miolos a estourar.

Não penses em masoquismo ou perversões,
Eu aprendi que a vida machuca,
O que ela pede são ações,
E não a ilusão de pretensas proteções.

E vou assim compreendendo a vida,
Se num momento me surpreende uma mordida,
No segundo seguinte vou admirá-la,
Pois só assim posso amá-la.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Vida sem vigília.


Preferiria dormir.
Morte em vida,
Dia não vivido, criado;
Para não desperdiçá-lo,
Nos braços de Orfeu ninado.
Vezes menos que veria.
Escuridão, ao invés de vistas cansadas;
Descanso, ao invés de apatias;
Sonhos, ao invés de pensamentos.
Ilusões sem drogas,
Passeios sem fadigas,
Silêncios sem zumbidos,
Fantasias sem relação.
Gozos imaginados, não desperdiçados.
Sentidos inalcançáveis,
Apenas signos.
Paixões platônicas realizáveis.
Preto e branco, não mais pastel.
Deslizar até o céu,
Para no outro dia quem sabe,
Querer viver a vida.