segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Ao próximo

É, meu amigo, tudo pode mudar,
Principalmente se estiver certo e seguro do futuro,
Mas não sofra mais do que pode agüentar.
Por agora é o tanto que te apuro

Amigo, agora já não sei o que dizer;
Você já sabe que não importa o que fará,
Se vai encarar, se vai correr
Sua sorte foi lançada, se sabe que perderá.

Meu amigo, ela foi lançada no passado,
No seu erro crasso, Quando foi fraco;
Não adianta ser submisso ou altivo
O caminho agora é único, o alternativo.

Não importa ser o melhor, amigo.
Nada se ganha nessa disputa.
Não importa o que vai fazer consigo,
O mundo pouco se importa enquanto surta.

Pois é amigo, o medo faz parte,
Do dia e da noite, no mar ou no porto,
Mas sabemos que você faz arte,
Mesmo que se veja sempre torto

Conselho é algo, amigo, que não se deve dar
Mas por vezes dizer é necessário ,
Mesmo que sejam verdades tolas, vou um te doar:
Se importe consigo, não perca quem é, não seja falsário.
 
Amigo, digo falsário, para não falar em máscaras,
Se descubra com outras gentes,
Descubra o que te faz mal, quem só lhe toca com mãos ásperas.
Não dê aos outros só o conveniente.

Amigo se imponha,
Mostre o que te arrebata.
Lembre-se que sonha,
Mas também  mata.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Centauro

Um dia solto, sem compromissos, sem preocupações, sem obrigações só me angustia.
Preciso botar rédeas nesse dia, domá-lo com maestria, amansá-lo com afinco para eu conduzi-lo pelos meus caminhos.
Ou melhor: alazão em disparada, assustado, abestalhado, patas desembestadas, com suas idéias selvagens, mostra-me para onde se guia.
Haverá um meio termo, um equilíbrio?
Um centauro de pernas livres e mente passeando pelo tempo?
Não há condução que me livre dessa condição?
Para onde olho, me assusto,
Por onde caminho, me frustro
Será que é o momento de abrir a minha estrada para posteriormente ser pavimentada?
Ou espero algum tempo os caminhos decidirem entre si e aí sim abrir a clareira?
Que não me falte a dialética
Faço-me ao fazer
O caminho no caminhar
A vida no viver
Que já se disse é navegar

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

SertãoMar


Ser tão mar me deixa a criar o sem fim.
Sei que vivo em voltas;  
Sei que minhas marés não dependem de mim,
Dependem do astro lunar.
Mas pouco me importo,
Sou o maior deste lugar,
Posso dividir com a lua atenções
E com o sol aspirações.

Amar ser tão me arrependo.
É que ser tão mar me deixou afastado,
Conversei com peixes e praias,
Confundi minhas raias,
Olhei-me para dentro
E não alcancei o centro.

O mar já é sertão.
É ser tanto
Que não se reduz em seu canto.
Não fica mais só em pranto,
Mas se espraia,
Determina o continente,
Colore a terra,
Ilumina o ser tão.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Nossos corpos ardiam, nossa paixão gritava, implorava por mais, pelo querer, nosso desejo uivava, nossos toques eram o extrapolar de sentimentos confusos, angustiantes e profundos. Todas as nossas palavras tinham sentido, batiam forte, nada era superficial, não havia verbo que não se anunciasse, nenhuma vírgula era perdida...No entanto, como um bichinho acuado, el@ fugiu, refugou, foi se confortar no conhecido. Desperdiçou o mistério da vida, que é o melhor que ela pode oferecer. Mas já era, já está confus@, terá que se anular em si. Para neuroses e boicotes não há limites...

sábado, 8 de janeiro de 2011

Flor da idade

Não precisa de tanta amargura,
pétalas voarem faz parte
do rigor das estações,
mas mostre-nos o verão.

Então vamos, levante;
mostre que ainda é flor,
apesar de tanta ignorância
e de sua beleza não ter ciência.

Vamos, se aprume,
revele do que o belo é feito;
leia o caminho e rume,
ponha para fora o entranhado em seu peito.

Livre-se dessas picuinhas oportunistas,
senão, para que espinhas?
Nas ruas, peregrina,
todos ficam a passeio
e você fica a deriva;
deixe o tempo de germinação para trás,
se mostre além do botão agora, ação!
O tempo urge e você precisa.